A obra está dividida em sete grandes partes, que por sua vez contêm seções internas distintas. Eis o mapa completo:
1. Requiem e Kyrie
-
“Requiem aeternam” — o coro sussurra uma prece pelos mortos, quase em murmúrio, num clima de piedade e penumbra.
-
“Kyrie eleison” — introdução dos quatro solistas (soprano, mezzo-soprano, tenor, baixo) em diálogo implorando misericórdia.
👉 Função: abertura litúrgica, de súplica e recolhimento.
2. Dies Irae
A parte mais longa e dramática, verdadeira alma da obra. Divide-se em várias seções internas que descrevem o Juízo Final.
-
“Dies irae” — explosão apocalíptica; o terror do dia da ira divina.
-
“Tuba mirum” — fanfarras de trombetas chamam os mortos ao julgamento.
-
“Mors stupebit” — baixo solista descreve o espanto da morte.
-
“Liber scriptus” — mezzo-soprano canta o livro do destino, solene e profético.
-
“Quid sum miser” — trio dos solistas (soprano, mezzo e tenor) pergunta: “Que direi eu, miserável, quando o Juiz vier?”
-
“Rex tremendae” — invocação poderosa: “Rei de tremenda majestade.”
-
“Recordare” — dueto feminino de rara doçura, pedindo perdão.
-
“Ingemisco” — ária do tenor, plena de arrependimento e esperança.
-
“Confutatis” — o baixo implora para ser chamado entre os benditos.
-
“Lacrimosa” — coro e solistas se unem no lamento final, a humanidade inteira em lágrimas.
👉 Função: descrição do julgamento e súplica pela salvação.
3. Offertorio
-
“Domine Jesu Christe” — súplica pelos mortos.
-
“Hostias” — trio sereno e suspenso, oferecendo o sacrifício por eles.
👉 Função: intercessão pelos defuntos, de tom meditativo.
4. Sanctus
-
Canto fugado para duplo coro.
👉 Função: celebração jubilosa e contrapontística — o louvor após a tempestade do Dies irae.
5. Agnus Dei
-
Dueto de soprano e mezzo-soprano com coro respondendo em ecos.
👉 Função: pedido de paz e repouso eterno.
6. Lux Aeterna
-
Trio (mezzo, tenor e baixo) em atmosfera de luz e serenidade.
👉 Função: evocação da luz eterna que guia as almas.
7. Libera me
-
O soprano domina.
-
Reaparece o tema do Dies irae, num último confronto com o medo.
-
Alternância entre terror e súplica até o final pianíssimo: “Libera me, Domine, de morte aeterna.”
👉 Função: oração final — a alma, sozinha, diante de Deus.
A obra toda forma um arco dramático:
começa na escuridão (Requiem), passa pela tempestade (Dies irae), encontra respiro na fé (Offertorio, Sanctus, Agnus Dei, Lux Aeterna), e termina numa solidão comovente (Libera me).
Sem comentários:
Enviar um comentário