I. Largo — Allegro vivace (Si bemol maior)
A introdução lenta (Largo) tem um caráter quase solene, abrindo espaço para um Allegro vivace leve, cheio de energia juvenil. Nota-se uma clara herança clássica — o uso de forma sonata é bastante disciplinado — mas Schubert tempera isso com melodias cantáveis e um sentido harmônico mais aventureiro do que era comum em Haydn, por exemplo. O desenvolvimento modula com liberdade surpreendente para um compositor tão jovem.
II. Andante (Mi bemol maior)
Este segundo movimento é uma série de variações sobre um tema simples e gracioso. Cada variação apresenta novas cores instrumentais e mudanças de caráter: ora delicado, ora mais vigoroso. Aqui Schubert mostra já um talento especial para orquestração clara e para melodias que parecem quase vocais, como se uma canção estivesse escondida na textura instrumental.
III. Menuetto: Allegro vivace — Trio (Si bemol maior / Sol menor)
O Minueto é ritmicamente incisivo e lembra bastante Beethoven nos seus scherzi iniciais, embora mantenha o título tradicional “Menuetto”. O Trio, em Sol menor, cria um contraste mais sombrio e dramático, antes do retorno ao clima mais jovial do Minueto. Aqui se nota um jogo expressivo entre luz e sombra que antecipa o Schubert maduro.
IV. Presto (Si bemol maior)
O Finale é vibrante, cheio de energia rítmica e vitalidade. A escrita orquestral é ágil, e Schubert mostra domínio da forma rondó-sonata, com um tema principal muito marcante. Há ecos do espírito lúdico de Haydn, mas com um colorido harmônico mais pessoal e fresco. É um desfecho alegre e brilhante, típico de uma sinfonia juvenil, mas tecnicamente muito bem construída.
Em contexto histórico e estilístico
A Sinfonia n.º 2 foi escrita pouco depois da n.º 1 (D. 82), ainda na Viena do pós-Napoleão.
Não foi publicada nem amplamente executada durante a vida de Schubert.
Orquestra clássica relativamente pequena, sem trombones (como nas sinfonias iniciais).
Mostra já a sua inclinação para o lirismo melódico, contrastando com a estrutura clássica herdada.
É uma obra excelente para perceber como Schubert assimila a tradição clássica e começa a transformá-la.
Em resumo: