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segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Schubert-Sinfonia nº2 em si bemol maior D.125

Em 1877 a 20 de outubro,  Franz Schubert estreia em Berlim a sua Sinfonia nº2 em si bemol maior D.125 Aqui a interpretação é da Frankfurt Radio Symphony ∙ Andrés Orozco-Estrada, Dirigent ∙ 

Sinfonia n.º 2 é uma das obras orquestrais mais interessantes do seu período juvenil — composta em 1814–1815, quando ele tinha apenas 17 ou 18 anos. Embora ainda revele a influência forte de Haydn, Mozart e Beethoven, já se percebe nela uma voz própria, especialmente no tratamento melódico e no lirismo característico de Schubert.

I. Largo — Allegro vivace (Si bemol maior)

A introdução lenta (Largo) tem um caráter quase solene, abrindo espaço para um Allegro vivace leve, cheio de energia juvenil. Nota-se uma clara herança clássica — o uso de forma sonata é bastante disciplinado — mas Schubert tempera isso com melodias cantáveis e um sentido harmônico mais aventureiro do que era comum em Haydn, por exemplo. O desenvolvimento modula com liberdade surpreendente para um compositor tão jovem.

II. Andante (Mi bemol maior)

Este segundo movimento é uma série de variações sobre um tema simples e gracioso. Cada variação apresenta novas cores instrumentais e mudanças de caráter: ora delicado, ora mais vigoroso. Aqui Schubert mostra já um talento especial para orquestração clara e para melodias que parecem quase vocais, como se uma canção estivesse escondida na textura instrumental.

III. Menuetto: Allegro vivace — Trio (Si bemol maior / Sol menor)

O Minueto é ritmicamente incisivo e lembra bastante Beethoven nos seus scherzi iniciais, embora mantenha o título tradicional “Menuetto”. O Trio, em Sol menor, cria um contraste mais sombrio e dramático, antes do retorno ao clima mais jovial do Minueto. Aqui se nota um jogo expressivo entre luz e sombra que antecipa o Schubert maduro.

IV. Presto (Si bemol maior)

O Finale é vibrante, cheio de energia rítmica e vitalidade. A escrita orquestral é ágil, e Schubert mostra domínio da forma rondó-sonata, com um tema principal muito marcante. Há ecos do espírito lúdico de Haydn, mas com um colorido harmônico mais pessoal e fresco. É um desfecho alegre e brilhante, típico de uma sinfonia juvenil, mas tecnicamente muito bem construída.

Em contexto histórico e estilístico

  • A Sinfonia n.º 2 foi escrita pouco depois da n.º 1 (D. 82), ainda na Viena do pós-Napoleão.

  • Não foi publicada nem amplamente executada durante a vida de Schubert.

  • Orquestra clássica relativamente pequena, sem trombones (como nas sinfonias iniciais).

  • Mostra já a sua inclinação para o lirismo melódico, contrastando com a estrutura clássica herdada.

  • É uma obra excelente para perceber como Schubert assimila a tradição clássica e começa a transformá-la.

Em resumo:

A Sinfonia n.º 2 é uma obra juvenil, mas refinada, cheia de vitalidade, com momentos de genuíno lirismo schubertiano. Não tem o peso dramático das últimas sinfonias, mas tem um frescor e uma elegância que a tornam uma joia do repertório clássico inicial de Schubert.. 

terça-feira, 30 de setembro de 2025

Brahms-Concerto para violino em ré maior op.77

O Concerto para Violino em Ré maior, Op. 77, de Johannes Brahms, é uma das obras mais monumentais do repertório violinístico, frequentemente considerado, ao lado dos de Beethoven, Mendelssohn e Tchaikovsky, um dos "grandes concertos românticos" para violino. Algumas notas sobre ele:
  • Composição e estreia:
    Foi escrito em 1878, numa fase madura de Brahms. Dedicou-o ao violinista húngaro Joseph Joachim, grande amigo e conselheiro musical, que também colaborou em revisões da parte solista. A estreia ocorreu em Leipzig em 1879, com Joachim como solista e Brahms a reger.

  • Estrutura:
    O concerto tem três movimentos, mas de caráter bastante singular:

    1. Allegro non troppo – imenso, quase sinfônico em dimensão, com grande diálogo entre solista e orquestra. O violino não é mero protagonista, mas parte integrante de uma arquitetura orquestral complexa.

    2. Adagio – momento lírico de rara beleza, em que o oboé abre com um tema que depois é desenvolvido pelo violino solista. Muitos consideram este movimento uma das passagens mais poéticas do romantismo.

    3. Allegro giocoso, ma non troppo vivace – Poco più presto – final com espírito de dança húngara, vibrante e enérgico, refletindo também a influência de Joachim, que era húngaro.

  • Caráter e recepção:
    Na época, alguns violinistas acharam a parte solista "difícil demais" e até "anti-violínistica", porque Brahms escreveu de modo sinfônico, com grande densidade harmônica, exigindo tanto virtuosismo quanto profundidade interpretativa. Hoje, porém, essa abordagem é justamente o que faz dele um pilar do repertório.

  • Interpretação:
    O concerto exige do intérprete não só técnica refinada, mas também maturidade musical e capacidade de diálogo com a orquestra. É uma obra em que o virtuosismo está sempre subordinado à expressão musical.

Muitos críticos dizem que o concerto de Brahms é mais do que uma peça para solista com acompanhamento — é quase uma sinfonia com violino obbligato.

segunda-feira, 24 de março de 2025

Sibelius-Sinfonia nº7 em dó maior op.105

, A Sinfonia nº 7 em dó maior, op. 105 de Jean Sibelius é uma obra-prima singular e uma das sinfonias mais inovadoras do repertório. Concluída em 1924, essa peça destaca-se por sua estrutura contínua e coesa, condensando toda a forma sinfônica em um único movimento de cerca de 20 minutos.

O que faz essa sinfonia tão especial é a forma como Sibelius trabalha a transição orgânica entre os temas, evitando divisões rígidas em movimentos separados. Ele utiliza mudanças de tempo sutis e o desenvolvimento contínuo das ideias musicais, criando uma sensação de fluxo natural. A introdução majestosa já estabelece o caráter solene da obra, com o trombone apresentando um motivo grandioso que retorna ao longo da peça, quase como um "hino" interno.

A harmonia é rica e muitas vezes inesperada, oscilando entre tonalidades de maneira quase imperceptível. A instrumentação é econômica, mas profundamente expressiva, com um uso magistral das cordas e dos sopros para criar texturas que parecem expandir e contrair como se fossem organismos vivos.

Esta sinfonia marca o fim do ciclo sinfônico de Sibelius e, de certa forma, simboliza sua despedida da composição orquestral. Depois dela, ele praticamente deixou de escrever música, entrando em um longo silêncio criativo que duraria o resto de sua vida 

No ano de 1924 a 24 de Março, Sibelius estriou  esta sinfonia em Estocolmo  com o próprio compositor na direcção da orquestra.

Aqui a interpretação é da Wiener Philharmonia Orchestra dirigida por Leonard Bernestein

   

sábado, 22 de março de 2025

Mahler-Sinfonia nº09 em ré maior

,A Sinfonia nº 9 em Ré Maior de Gustav Mahler é uma obra monumental, carregada de emoção e marcada por um senso profundo de despedida e transcendência. Composta entre 1908 e 1909, foi a última sinfonia completa de Mahler, e muitos a interpretam como sua despedida do mundo, pois ele já estava doente e consciente da proximidade da morte.

 Um desempenho típico leva cerca de 75 a 90 minutos. Uma pesquisa com maestros elegeu a Sinfonia nº 9 de Mahler como a quarta maior sinfonia de todos os tempos numa votação conduzida pela BBC Music Magazine em 2016. Como no caso de seu anterior Das Lied von der Erde, Mahler não viveu para ver sua Sinfonia nº 9 ser executada. 



Aqui está um panorama dos movimentos:

  1. Andante comodo – Um movimento vasto e introspectivo, onde Mahler constrói um mundo de contrastes entre doçura e angústia. O tema principal, de caráter oscilante, parece imitar um coração irregular, talvez refletindo sua própria condição cardíaca.

  2. Im Tempo eines gemächlichen Ländlers – Uma espécie de dança distorcida, onde Mahler desconstrói o ländler (uma dança camponesa austríaca), transformando-o em algo grotesco e instável, como se zombasse das tradições.

  3. Rondo-Burleske – Um movimento feroz, cheio de ironia e sarcasmo, com contrapontos caóticos e passagens de um virtuosismo impiedoso. Pode ser visto como uma crítica mordaz à sociedade e à futilidade da vida.

  4. Adagio – O verdadeiro testamento de Mahler. Lento, solene e profundamente expressivo, é uma despedida serena e devastadora ao mesmo tempo. O movimento vai se dissolvendo em um silêncio absoluto, como se a música e a vida se apagassem suavemente.

domingo, 12 de janeiro de 2025

Prokofiev-Sinfonia nº5 em si maior

No ano de 1945 em Janeiro, estreia de Prokofiev a sinfonia nº5 em si maior com o próprio autor na condução da Filarmónica de Moscovo. A Sinfonia nº 5 em Si bemol maior, Op. 100, de Sergei Prokofiev, é uma obra magistral do repertório sinfônico do século XX. Composta em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, Prokofiev a descreveu como uma celebração do espírito humano, "um hino à liberdade do homem, à sua força e grandeza". Características e Estrutura: A sinfonia segue a forma tradicional em quatro movimentos, mas com a inovação harmônica e rítmica que caracteriza Prokofiev: Andante: O movimento inicial é grandioso e expansivo, apresentando um tema principal de impressionante força e beleza. É um exemplo da habilidade de Prokofiev em criar melodias memoráveis e emocionalmente ressonantes. Allegro marcato: O segundo movimento é marcado por um caráter irônico e satírico, um scherzo que combina energia rítmica e tons de humor, mostrando o estilo característico do compositor. Adagio: O terceiro movimento é sombrio e introspectivo, muitas vezes interpretado como um reflexo dos horrores da guerra. Há uma densidade emocional que contrasta com os outros movimentos. Allegro giocoso: O final é vibrante, repleto de energia e otimismo, com um desfecho triunfante que reafirma a mensagem de resiliência. Impacto e Recepção: A estreia da sinfonia, conduzida pelo próprio Prokofiev em 1945, foi um sucesso retumbante. Composta num momento de esperanças renovadas no final da guerra, a obra foi vista como uma afirmação da vitória e da paz. Seu impacto emocional e técnico garantiu-lhe um lugar entre as obras-primas do compositor. O que a torna especial: Complexidade harmônica: Prokofiev combina tonalidade tradicional com dissonâncias modernas. Ritmos marcantes: A energia rítmica da sinfonia é irresistível. Capacidade narrativa: A obra parece contar uma história, oscilando entre o lirismo, a ironia e o triunfo.